sexta-feira, 30 de julho de 2010

First things...first!

Primeiramente, há que agradecer o convite do João Adolfo! Bem hajas, bem haja a Luísa, pela oportunidade de regressar a Medelim: a minha aldeia de iniciação como professor, pois que a minha mulher Aurelina já havia ensinado em Trancoso!
E para começar, a notícia histórica do episódio que nos levou (casados de fresco), ao Colégio de Medelim.
Tudo começou durante a nossa lua-de-mel, na capital quase sempre sem capitais. A minha cara-metade fora ao cabeleireiro, e eu fiquei no nosso quarto - na Pensão Moçambique... -a percorrer a secção de anúncios do "Diário de Notícias", meu velho conhecido da casa paterna, o preferido do meu pai!
Deparei então um texto que pedia professor de Inglês e professor de Ciências/Matemática para "colégio no centro do país". Contatado o número indicado, a coisa ficou concertada em poucos minutos, embrulhado que estava o pacote em papel cor-de-rosa pelas palavras exageradas do eng.º Ressurreição!
Para quem se casou a 10 de Setembro, como nós, a bvida até pareceu correr de feição: emprego para os dois e çogo no mesmo sítio!
Sem carro, a viagem de camioneta foi lenta e penosa. Ao tempo, a estrada no troço final, ainda não conhecia os acabamentos em alcatrão. Mas chegámos bem a deram-nos (a Dª Mimi da Junta ) uma casinha já na saída para Monsanto, que era o repositório bastante fiel de um ninho para recém-casados. Pequenina, aconchegada, humilde mas linda, linda! Lembro que as portadas das janelas tinham corações recortados a enfeitálas! E adorámos o nosso tecto primordial, onde perduraram dias e dias de alegria e amor.
O edifício do Colégio, velhinho, não nos desanimou nem um poucochinho: suplantavam-no os alunos queridos e os colegas do corpo docente. Bem como a saudosa D.ª Irene que eu retenho com seu preto lutuoso e face enrugada e sorridente.
Foram dois anos que acabariam com a ida para Castelo Branco, para o Liceu (ela)e eu para a EICCB! Entendemos ambos que a comissão de serviço tinha chegado ao fim, e dificuldades várias e de cunho pessoal nos determinaram os passos!
Hoje, tendo visto já no blogue o abandono a que votaram o velhinho casarão, dá-me vontadade de voltar, de percorrer o que dele resta e repassar as primeiras aulas, por certo incompletas, que vendia por um salário engraçado, de 3.313$00!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O Penalti!

Primavera do ano lectivo de 1963-64.
Não é novidade que o Eng. Ressurreição , se bem me recordo um “lampião" ferrenho e então no princípio da sua estadia no nosso Colégio, gostava de futebol e, com as mais que fracas instalações de que dispunha, motivava bastante a rapaziada para que a prática do desporto-rei ali tivesse algum significado.
A maioria dos “atletas” era de fraca qualidade, pois as “academias” ainda estavam a “milénios” de acontecer e a “malta” “dava uns pontapés” mais para se divertir que para sonhar um dia vir a ser craque lá na então longínqua Lisboa, onde o Benfica enrolara o Barcelona e o Real Madrid em duas finais europeias. Sinceramente, de todos os alunos de então penso que só o Rolo, aspiraria a jogar no Idanhense, vá lá nalgum dos clubes da capital do distrito… Em meu entender era mesmo o melhor de entre todos nós, quase sempre bem toscos. Que me perdoem esta franqueza os que pudessem “andar a sonhar acordados”. Até posso estar enganado e ter de lá saído algum craque. Mas a vida militar arrastou-me, o Colégio cresceu e os “milagres”, não surgindo todos os dias, podiam depois ter acontecido. Oxalá!
Mas estou para aqui “a meter palha” e a história a escapar-se.
O ponto culminante do futebol do colégio era o Torneio inter-turmas, com alguns ajustamentos para dar oportunidade àqueles que ninguém queria na equipa da sua turma. Quer pela minha aselhice natural, quer porque a turma de Alemão – um dia vou explicar porque me tornei aluno de Alemão, disciplina que só concluí 13 anos depois!!! Essa também é uma boa história”, como cantava/canta o grande Roberto Carlos no seu “Calhambeque”… - ter poucos alunos para constituírem uma formação completa, a certas altura vejo-me na equipa dos aselhas e “marginais”, nitidamente fadada para ser a última do torneio. E todos aproveitavam para “malhar” em nós…
Estava a decorrer um jogo no campo improvisado no pátio do recreio sem grandes condições para que os aselhas não o fossem tanto, quando um “jeito” do árbitro nos arranja um penalti contra os nossos valorosos adversários, que muito se fartaram de contestar. Aquilo era mesmo uma “roubalheira”. Hoje, com os óculos de melhor qualidade, penso que foi mesmo um jeito. “A corrupção” não é só de hoje e penso que uma gasosa fresquinha podia fazer toda a diferença.
Quem chuta, quem não chuta e o Pedroso “atreve-se” a viver a tremenda “angústia do marcador do penalti frente ao guarda-redes”. Ainda houve algumas reclamações “marco eu, marco eu!”, mas a "convicção" do Pedroso venceu as resistência, porque nós queríamos era mesmo UM golo.
A coisa começou a ficar pouco ortodoxa quando, depois de medidos os passos da praxe – ora, queriam marcações de campo, não?! – o Pedroso se ajoelhou, soprou o chão e começou a levantar um montinho de terra. Para que seria? Ora, para colocar a bola mesmo lá no cimo. Já não era só a angústia do marcador, mas a de todos nós, os restantes membros da equipa.
Bola bem equilibrada no alto do montinho de terra, a uns metros da baliza, guarda-redes adversário um tanto desconfiado com a “cena” e do “resultado” que aquilo poderia ter – ainda esboçou um protesto junto do árbitro que se limitou a aceitar a “novidade”… - e o Pedroso vem tomar balanço lá para o meio campo. Que não era muito longe, diga-se de passagem.
Havendo transmissão pela rádio ouvir-se-ia o seguinte:
- Senhor ouvintes, o “perigoso” avançado Pedroso toma balanço, a meio campo, fixa a bola e depois o guarda-redes, vai partir, perde alguma embalagem, finalmente chega perto da bola, remata e… nem vão acreditar… o monte de terra desapareceu, há uma pequena nuvem de pó e a bola segue, suavemente, para a baliza, onde o guarda-redes, sem ter ocasião de brilhar, recolho o esférico com a maior facilidade.
Até ao fim do ano falou-se menos da equipa vencedora do torneio – talvez a do Sr. Engenheiro, pois ele era “fanático” pela bola e, mesmo não sendo Aluno, participava, com alegria, em meu entender sempre na “melhor equipa”, certamente por ele ser um reforço de peso. Guardo dele as melhores recordações e aproveito para o homenagear com esta brincadeira.
Nota: A história, no seu essencial, aconteceu. Algumas variantes que fujam da rigorosa exactidão, são próprias de quem já não tem a cabecinha dos verdadeiros artistas que escrevem por aqui a concorrer comigo.
Saio a perder, mas a minha idade dá-me “direito” a falhar penaltis…
Ficaria contente se o Pedroso pudesse contestar:
- Olha que não foi bem assim…
Foto retirada da internet.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Luísa e Natália, com o ENSI em fundo
Meus amigos

Antes que comece para aí a divagar vou passando já já ao que hoje me traz aqui e permitam-me, sem menosprezo para os demais, que evoque os intervalos do almoço passados amiúde com alguém de entre vós que ocupa um lugar muito especial no meu coração, a provar que há amizades com pilhas duracel que duram e duram e duram...


Pois é Luisa é contigo mesmo, olha nós, olha a pose tão jovens e arrumadinhas... certamente num daqueles dias em que apanhámos o serviço de transporte combinado com o Dr. Barbosa, no seu ruidoso carro veloz e ferozmente conduzido pelas ruas estreitinhas a subir e a descer ele a carregar no acelerador desafiando todas as leis da fisica que nos impingia e nós a carregar a fundo num travão imaginário e a encolher-nos todas para facilitar a manobra e evitar que o dito se esmurrasse nas arestas das paredes... e tudo culminando na tua casa com a marmita a sair da lancheira ou a partilha do teu almoço que a tua mãe bastas vezes me oferecia.

Aguém nos fotografou a partir do castelo com o colégio ao fundo. Diz lá que não foi bom eu ter guardado estas peças de museu, engraçado eu pensar que era um capítulo encerrado e enterrado e afinal está tudo a renascer as lembranças a surgir em turbilhão e eu a dar graças por ser conservadora e tão agarrada às coisas, ás pessoas e aos objectos e resistir sempre que penso em deitar fora, como se estivesse a abandonar um animal ou pior ainda a apagar alguém da minha vida para sempre...

Não tenho dúvidas. Ainda estamos em sintonia.

Beijinhos. Natália

sábado, 17 de julho de 2010

Ainda a propósito da Dr.ª Júlia, professora de Francês

   Na sequência do "post" anterior e dos "comentários" já recebidos, da Luísa, do Honorato e do Professor Serrano, parece-me que ficou ainda muito por dizer... isto, como disse a Luísa no seu primeiro "post", é como as cerejas...
   Para começar quero dedicar esta música, da Françoise Hardy, à nossa Dr.ª Júlia!
   E pegando nas últimas duas quadras da canção:

"Comme les garçons et les filles de mon âge
Connaîtrais-je bientôt ce qu'est l'amour?
Comme les garçons et les filles de mon âge
Je me demande quand viendra le jour

Où les yeux dans ses yeux où la main dans sa main
J'aurai le coeur heureux sans peur du lendemain
Le jour où je n'aurai plus du tout l'âme en peine
Le jour où moi aussi j'aurai quelqu'un qui m'aime"
   Faço votos para que esse dia tenha chegado logo assim que nos deixou e que tenha sido, e continue a ser, muito feliz!
   Gostei também de saber que a preferência das meninas ia mais para o Dr. José Rafael!... mas aí cuidado! A Dr.ª Carolina (era assim que se chamava a mulher?), era também muito bonita e não o deixava ir mais além do que espalhar o seu charme!...
   Quanto à pergunta da Luísa sobre se a sedução dos rapazes seria ou não sobre a cara da Dr.ª Júlia, fiquei cá a pensar e a tentar pesquisar nos arquivos da memória e ... olha que és capaz de não estares enganada!
Ora vejamos:
1) A senhora ia para a janela e ficava de costas para nós;
2) A senhora usava  umas belas mini-saias e debruçava-se para falar com o Mico...
   Tenho mesmo que concordar contigo, decididamente tens razão! ... Agora já faz todo o sentido o facto de alguns rapazes da fila de carteiras encostada a essa parede, com um ângulo morto relativamente à janela, aproveitarem sempre essas alturas para irem até ao cesto dos papéis, para afiarem os lápis.
   Bem que me fazia espécie os lápis gastarem-se tão depressa nas aulas de Francês!...
   E assim tenho também que concordar com o  Professor Serrano; a senhora tinha outros dotes, para além dos de educadora de infância.
  E de facto, Honorato, ela não esteve connosco no último encontro, mas gostaríamos muito de poder contar com a sua presença, e de todos os outros professores e professoras, nos nossos próximos encontros. Pois que, com mais ou menos carisma e simpatia por parte dos alunos, todos eles foram muito importantes para a nossa formação, tanto em termos académicos como sociais e humanos.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

A foto (última) da Natália e o Francês do meu 3º ano

A professora Júlia e o Mico
Que me desculpe a Natália, pela “desfiguração” da sua fotografia, que considero um documento único, aliás, mas a mesma tem duas pessoas que me fizeram recordar as minhas aulas de Francês do 3º ano.
Enquadremos a história: no 1º ano tive a Francês o P. Lamego, do qual aqui já se falou, nomeadamente por usar métodos demasiado antiquados, que impunha através de uma disciplina excessiva (se calhar ainda reminiscências dos seus tempos de seminário); no 2º ano o professor de Francês foi o Eng. António Ressurreição, sobre o qual não valerá a pena, neste texto, falar pois todos teremos ainda na memória muitas histórias a seu respeito; no 3º ano tive aulas, se a memória não me trai, na sala do 1º andar, em frente à sala de Professores e à sala/refeitório dos rapazes.
Ora bem, então vamos lá às memórias que a fotografia da Natália me avivou: a dita sala tinha uma janela quase em frente à casa do Engenheiro, à porta da qual o filho, ainda muito pequeno, costumava brincar algumas vezes. Nesse 3º ano tivemos a Francês uma professora, relativamente nova que usava umas mini-saias muito de acordo com a época… Ora a dita professora vivia, ou pelo menos almoçava, na casa do engenheiro e gostava muito de brincar com o filho dele…
Nós estávamos na aula de Francês, o catraio vinha para a rua brincar, a professora ia para a janela dizer-lhe umas gracinhas, apoiava os cotovelos no peitoril, debruçava-se um pouco e, … claro, os olhos dos rapazes da turma eram, como que de imediato, atraídos por uma enorme força magnética que irradiava desta cena ternurenta, ... ficando a pedir aos céus para que continuasse por mais algum tempo.
Já havia até quem dissesse que alguns rapazes da turma iam prometer, e oferecer, goluseimas ao pequeno António para vir brincar para a rua sempre que íamos ter aulas de Francês. Não era por nada, era apenas porque achavam que a dita professora tinha dotes … (de educadora de infância), e gostavam que ela os mostrasse… apenas isso, creio eu!…
Na foto destaquei aqueles que acho serem os dois protagonistas desta história, ou, se o não forem, pelo menos fizeram-me reavivá-la…

segunda-feira, 12 de julho de 2010

o susto da galinha


Uns dias fora e quantas novidades! Amei essa prosa da Luisa, um teste à nossa inteligência, construindo uma história à volta de uma coisinha de nada que quando damos conta nos enlaça nos abraça nos obriga a fazer parte, a correr até ao fim até perder o fôlego e a ler com a sofreguidão de quem atravessou o deserto e se vê não perante uma miragem mas um oásis de verdade.

Se me lembro desses episódios...de joelhos no canto da sala, sabe-se lá de que lado estava a razão, se o engenheiro mandou mesmo fazer os trabalhos se lhe passou pela cabeça e não o disse, se nós na cavaqueira do costume papelinho pra cá e para lá não prestámos atenção. A verdade é que ali ficámos vexame dos vexames, coisa impensável ou improvável nos dias de hoje, perante uma turma que de repente emudeceu que o engenheiro não era de modas levava a disciplina a sério e não admitia atentados à sua autoridade tão ou mais elevada que o seu tamanho até porque estava á vontade, tudo á partida sancionado, os nossos pais arreie-lhe, castigue, não era como agora que não toca no meu filho nem com um dedo como se de seres intangíveis se tratasse.

E porque o engenheiro será sempre um actor principal nestas estórias, eis um daqueles raros momentos com que o genial fotógrafo seja quem tenha sido nos brindou captando com grande sentido de oportunidade o momento exacto em que a comitiva passeando por qualquer aldeia da região foi surpreendida por uma galinha que ou asssustou o engenheiro ou o engenheiro a assustou a ela provocando tal alvoroço e redondas gargalhadas que parecem ecoar ainda nos meus ouvidos.

Saída das fronteiras da minha gaveta depois de tantos anos de escuridão ganha vida neste preciso instante em que passa a fazer parte (também) do vosso imaginário... Apreciem.

Beijo

Natália

terça-feira, 6 de julho de 2010

"Todos com diferenças, mas todos apóstolos"...


a última ceia 

Como não tenho fotografias desse tempo e, infelizmente, não guardei até hoje "livros de autógrafos", "questionários"(?) e outros documentos dos tempos de  Medelim, decidi colocar uma "Última Ceia" muito original (porque nela o Judas é um "apóstolo" como os outros e sabe-se lá o que é que lhe deu na altura e porquê e não se fala mais no assunto que também tenho 2 gatos, o João ratão e a Carochinha e nem ele espreita panelas, nem ela fica sozinha porque ele não passava de um judas do seu destino)... Posto isto e porque de mais uma "última ceia" parece ter surgido este blogue de amizades e recordações, quero retomar alguns temas de comentários e deixar um texto um pouco mais compostinho. Aqui vão, então, algumas recordações de professores nossos amigos em seus dias sim e nossos Judas de serviço em seus dias não...

O primeiro é o Padre António Ribeiro, que foi meu professor de francês no 1º ano e que, penso, será o mesmo Padre Lamego de que aqui já se falou e que pelos vistos era Director (nunca percebi!): massacrou-nos com a fonética do Francês e mais gramática e muita gramática (e viva a matemática, que sempre era uma ajuda para a dita) e com a malfadada guerra Israelo-Árabe, que me deu muitos pesadelos antes de adormecer, à espera que se acabasse o mundo com uns homens de turbante a rebentar apocalipticamente o universo, levando Israel  na frente e com ela todos os seguidores de Cristo e Deus Nosso Senhor, lá íamos nós todos para a Semana Santa outra vez, onde é que eu me havia de esconder? Na travesseira, claro, com o rosto lá todo encafuado e bem escondido, a custo respirando e... está bem, está bem, Mãe... e lá me levantava e aprontava para apanhar o autocarro do Colégio que vinha da Benquerença, do Vale, da Meimoa, com paragem nas aldeias do Bispo e João Pires, antes de chegar a Medelim... Entretanto, o pesadelo já era, no meio de tanta cantoria e risada e brincadeiras à espera no pátio da D. Mimi, no campo dos rapazes, entre os 2 edifícios do Colégio, no arrabalde para os picnics do almoço, no rés-do-chão do 2º edifício com espectáculos teatrais com direito a bilhete e tudo para ver a Maciel lálálá-lálálá, a Sandie Shaw toda loura e descalça e mais umas quantas travessuras a jeito de improviso dia-a-dia, sempre novo, sempre diferente, todos diferentes, todos iguais... TRRRRRIIIIIMMMMMM e lá ia tudo a correr para as salas do 2º ano...
Acabou-se o Padre António, entra o Engenheiro Ressurreição, do alto do seu metro e noventa ou lá que fosse e era tão alto como a Torre Eiffel e dava Francês viajado e organizado, anedotas nem sempre muito católicas mas que o faziam esboroar-se a rir e nós atrás e uma Matemática a sério, com arrumação discreta e arrumada num sumário geometricamente desenhado e embelezado com letra da escola francesa... Acho que foi dos meus melhores professores e definiu em muito a minha vida (foi com ele que comecei a trabalhar no Colégio e era na casa dele que eu comia, na altura)... Ainda assim  e nos dias de judeu-árabe de Padre António Ribeiro, tive direito a passar uma aula de matemática de joelhos por me ter esquecido de fazer os t. p. c. (a Leontina e a Filomena Canelas lá me iam animando), a ter um zero na caderneta por não saber de cor uma poesia  em Francês, que ele só marcara na 2ª turma e a ficar com as impressões digitais dos seus 10 dedos impressos nas minhas tenras bochechas durante todo o santo dia, por lhe ter "respondido" que não marcara uma certa tradução escrita de um texto e só por isso não a fizera... É verdade, levei 2 lambadas monumentais e à francesa (e em toda a turma safaram-se 3 ou 4) de um professor que eu adorava e numa disciplina em que o adorava... 
A D. Irene, de paciência infinita e a fazer o seu crochet de óculos bem entalados na ponta do nariz, livrou-me 2 ou 3 vezes das garras do Honorato e dum amigo dele de Penha Garcia, quando decidiam roubar-me o garruço e jogar com ele ou, pior ainda, fazer de mim bola de volley ou andebol, o que um dia me fez gritar tanto de horror por me ver já com os ossos fraquitos todos escaqueirados no chão, que a D. Irene saiu de sua casas qual Sandokan de saias e ai meus malandros que eu vou dar queixa ao sr. engenheiro... foi o que eu quis ouvir e fugi muito contente à espera que o Sr. Engenheiro lhes mostrasse o seu metro e noventa e tal de autoridade e justiça... Pois é, mas a mesma D. Irene, em dia de Judas à antiga, espetou comigo da sala de estudo para fora aos gritos de "agora, agora, até a formiga tem catarro!... Rua, rua, rua!... e já!...) e tudo isto porque a Fátima Avelar (que era minha companheira de carteira, quando a Natália falhava) decidiu que eu havia de gritar porque a ela não lhe apetecia estudar mas brincar com um alfinete com que, calma e olimpicamente, me ia picando as bochechitas do rabiosque, até eu ser surpreendida por uma alfinetada  mais profunda e "cobarde" que me obrigou a um grito proibido, grito sério, daqueles que punham uma turma de estudo à gargalhada... Acreditou lá ela que eu recebera a alfinetada, se a Fátima jurava a pés juntos com o seu ar cândido e muito chocado que ela não tinha alfinete nenhum e que... etc... etc... formiga... formiga... formiga com catarro.. e, olha: rua e uma vergonha daquelas e uma humilhação de formiga desfeada em lágrimas, que foi o que eu passei...!

Já comi muitas "cerejas" e a conversa vai longa... só falo de mais um comensal, porque me deu a minha disciplina preferida no Colégio: Canto Coral, com um dia dedicado ao Orfeão. Aí sim, eu era calma e feliz e tinha do "Tenente" Ribeiro uma ideia diferente de professor: mais amigo, brincalhão, mas... anos mais tarde, já em Filosofia, ainda me ameaçou com a rua várias vezes... além de que nos não deu solfejo nas aulas de Iniciação Musical, porque as pessoas não gostavam porque era chato - dizia ele - e eu fiquei para sempre a desenhar claves de sol, colcheias e semi-colcheias, porque são uns caracteres muito bonitos... Fosse ele o Padre Ribeiro e espetáva-nos com a fonética da Música e mais tarde ainda lhe agradecíamos, que é o que eu faço agora e da forma mais sentida e sincera que me conheço...

Peço desculpa por ter sido tão longa, mas acabei por retirar umas cerejas do cesto que vinham acopladas em raminhos de 3 e 4 e demorei mais tempo... Entretanto, recordei alguns dos comensais desta "última ceia" original, já muito filtrada pela patine dos tempos e das aprendizagens... O que é agradável no desnho é que o Judas quer mesmo comer e conviver e por isso tem o sorriso dos outros e não tem armas na manga ou dinheiros nos bolsos... "Todos com diferenças, mas todos apóstolos",  legendou Ana Cardoso na sua Ceia... e eu gostei. Dela e de estar aqui convosco. Beijinhos. Até já.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

magusto 1967(?)
Antes.... e depois...


magusto 1967(?)
Se bem me lembro, estas fotos foram tiradas num dia de Magusto, no Sr. do Calvário (?).
Antes de se assarem as castanhas e depois, já irreconhecíveis... era o dia da nossa grande vingança... os professores ficavam completamente enfarruscados...
Quem reconhece quem??
Abraços
Natália
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